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Curadoria

Mulheres realizadoras de audiovisuais no Brasil e o

2º Festival Lanterna Mágica de Cinema Trabalhadoras

Os principais cargos do cinema brasileiro ainda são dominados por homens. Além disso, as mulheres ainda ganham menos, como apontam diversos estudos. Agora vem o plot twist: os filmes brasileiros com direção feminina são mais lucrativos e tem maior retorno de público, conforme dados da Agência Nacional do Cinema - ANCINE*, colhidos entre 2011 e 2021, que revelam a força da produção audiovisual feita por mulheres no panorama da produção nacional.

 

As mulheres estão em menor número nos cargos de direção do que os homens. A participação feminina representou cerca de 40% dos empregos formais no setor audiovisual entre 2011 e 2021. A remuneração feminina foi 26,1% menor que a dos homens nesse período.

 

Entre os filmes exibidos no cinema, as funções técnicas de direção de arte e produção executiva tiveram maior participação exclusivamente feminina nos longas-metragens brasileiros exibidos entre 2018 e 2021 (46,4% e 40,6%, respectivamente). Na direção de fotografia, a participação exclusivamente feminina foi de 10%.

 

Ainda assim, os títulos com direção feminina obtiveram melhor desempenho de público e renda em comparação com a média geral. As obras dirigidas por mulheres somaram 19,3% das obras brasileiras exibidas no cinema. No entanto, representaram 45,3% da renda e 39,4% do público.

 

Na busca por contribuir para a história do audiovisual brasileiro recente, o livro “Trabalhadoras do Cinema Brasileiro - Mulheres muito além da Direção”, organizado por Marina Cavalcanti Tedesco, lançado em 2021 pela NAU Editora, aponta as dificuldades em mapear os caminhos por onde essas trabalhadoras passaram. Pouco se sabe sobre as demais funções além da direção, e menos ainda quando são as mulheres que desempenharam essas atividades.
 

O que isso mostra?

 

Que temos um setor audiovisual desigual quando falamos de oportunidades de trabalho nos recortes de gênero e cor. As funções com maiores salários e responsabilidades ainda são concentradas nos homens cisgênero e brancos. Essa desigualdade é uma das motivações do 2º Festival Lanterna Mágica de Cinema - Trabalhadoras.

 

Realizamos uma chamada nacional que surpreendeu ao apresentar mais de 340 filmes de alta qualidade de todas as regiões do Brasil.  Selecionamos filmes e videoclipes que expressam a força do audiovisual brasileiro em seus múltiplos gêneros (animação, documentário, ficção, drama, romance, suspense etc.), e em todos os formatos (curtas, médias, longas e videoclipes). O critério desta edição do Festival foi que os trabalhos selecionados contassem com mulheres (cis, trans) ou pessoas não binárias, em pelo menos três cargos de liderança na equipe técnica.

 

Destacamos também a qualidade e pluralidade estética dessas produções. Os trabalhos trazem histórias que aproximam nosso público, seja pela originalidade e mérito artístico, seja por identificarem na tela personagens e histórias que se passam em território brasileiro, seja pelas temáticas sociais emergentes, ou pela potente produção poética de mulheres reais, trabalhadoras e transformadoras dos seus territórios. 

 

Em meio ao cenário bucólico do Ribeirão da Ilha, tradicional bairro do sul de Florianópolis, longe das salas de cinema convencionais, nosso FESTIVAL não é apenas uma exibição de filmes; é um convite para uma jornada cinematográfica onde as protagonistas são mulheres.

 

É uma honra apresentar ao público a programação de filmes do 2º Festival Lanterna Mágica de Cinema - Trabalhadoras, distribuídos em cinco mostras: Temas Indígenas, Pioneiras do Cinema, Cinemas Negres e Mulheridades. Também compõem a programação rodas de conversas, exposição, atrações musicais, oficinas de saboaria e teatro,  feiras artesanal e gastronômica. 

 

Vamos celebrar quatro dias de vozes femininas em todas as suas formas e ver o poder transformador do cinema feito por elas.


 

*Dados disponíveis em www.gov.br/ancine/pt-br/oca/ (documento "Participação por gênero e por raça nos diversos segmentos da cadeia produtiva do audiovisual" disponível em: www.gov.br/ancine/ptbr/oca/publicacoes/arquivos.pdf/Estudo%20genero%20e%20raca%20no%20setor%20audiovisual.pdf )

Assistindo um filme
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